Agropecuária

Variedades e cuidados com antracnose da soja

As doenças são um dos principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos na cultura da soja (Glycine max). Aproximadamente quarenta doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus já foram identificadas no Brasil. A importância econômica de cada doença varia a cada ano e entre as diferentes regiões produtoras, dependendo das condições climáticas de cada safra, manejo e época de cultivo.

Após o aparecimento da ferrugem da soja na safra 2001/2002, várias doenças, entre elas as Doenças de Final de Ciclo (DFC), deixaram de ser a principal preocupação dos produtores devido à altíssima severidade da ferrugem e a necessidade de encontrar manejos e produtos eficientes para controlar esta doença. Porém, nas últimas safras, doenças como a Mancha Alvo (Corynespora cassiicola) e Antracnose (Colletotrichum truncatum) voltaram a aparecer com grande intensidade na maioria das lavouras.


Sintomas da Antracnose
Os principais sintomas desta doença, especialmente sob condições de alta umidade, são manchas castanho-escuras e negras sobre as folhas, pecíolos, hastes e vagens (Figura 1). Além disso, as sementes são veículos de transmissão desta doença, podendo afetar a qualidade fisiológica das mesmas (redução da germinação e vigor).

O ataque no estádio de plântulas pode levar ao tombamento, reduzindo o número de plantas por área. Quando a infecção ocorre antes da floração ou do enchimento de grãos, esta provoca a perda de folhas e o abortamento das vagens. Sob condições de chuvas prolongadas, pode ocorrer a perda total da produção. Com maior frequência causa alta redução do número de vagens e induz a planta à retenção foliar e haste verde.

Nas folhas os principais sintomas ocorrem nos pecíolos, apresentando-se como manchas aquosas no início e evoluindo para manchas circulares ou elípticas negras (Figura 2). Nas hastes, os sintomas são semelhantes aos das vagens e nos grãos, podem aparecer manchas castanho-escuras.

Nas vagens surgem manchas aquosas no início, aumentando de tamanho e tornando-se negras, causando o apodrecimento, queda e abertura das vagens (Figura 3).

Manejo e Controle
A primeira medida para o controle da doença é o uso de sementes limpas e livres do patógeno, produzidas em áreas livres da doença. As sementes devem ser tratadas com fungicidas para reduzir os riscos de introdução do patógeno no campo por sementes infectadas ou contaminadas superficialmente. Nos campos contaminados, deve-se realizar rotação de culturas e adubação com adequados teores de potássio.

O tratamento de sementes com fungicidas é uma prática que tem sido recomendada para o controle de fungos associados às sementes de soja, visando a melhorar seu desempenho e originando plantas mais vigorosas e sadias.

Inúmeros trabalhos têm sido realizados para avaliar a eficiência do tratamento de sementes com fungicidas no controle da Antracnose. Reduções significativas na incidência deste patógeno em sementes de soja são obtidas com o uso de produtos químicos recomendados. Em consequência do controle deste patógeno, verificam-se aumentos significativos no desempenho de sementes de soja bem como acréscimo de produtividade.

Mesmo a recomendação oficial de controle não trata do uso de cultivares resistentes, preferindo métodos culturais como a rotação de culturas, manejo do solo e adubação potássica balanceada, maiores espaçamentos e menor densidade de plantas.

Apesar dos esforços na obtenção de cultivares resistentes, ainda não se pode abrir mão da proteção química com aplicação de fungicidas na parte aérea para o controle das doenças. Pesquisas têm sido realizadas na tentativa de buscar produtos que ativam mecanismos de defesa da planta, propiciando mais uma alternativa de controle. Experimentalmente, foi observada a eficiência de controle com alguns fungicidas do grupo dos benzimidazóis isoladamente ou em mistura com triazóis (Embrapa, 2010).

Existem vários produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para controle da Antracnose através de aplicações aéreas na soja. A grande maioria tem como ingrediente ativo, carbendazim/benzimidazol ou tiofanato metílico. Para maiores informações sobre os produtos registrados para controle da Antracnose acesse: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons


Conclusões
De forma geral, para a maioria das doenças, nenhuma prática isolada é eficaz no controle. Mas, como foi visto, existem diversas opções que, quando combinadas, podem ajudar a reduzir a pressão, facilitando o manejo das doenças. A adequação de práticas culturais como a rotação das culturas, nutrição de plantas e da população de plantas são bons exemplos.

Atualmente, não há cultivares de soja resistente à Antracnose, mas claramente é possível identificar diferentes níveis de tolerância à doença. A equipe do programa de melhoramento genético de soja da Pioneer trabalha intensamente através de experimentos à campo e de laboratório no sentido de identificar materiais com tolerância à Antracnose.


Referências
1) Tecnologias de produção de soja região central do Brasil 2011. – Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2010.

2) PICININI, E.C.; FERNANDES, J.M. Doenças de soja: diagnose, epidemiologia e controle. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 1998. 91p.​

Autor: Luis Carlos Tessaro - Gerente de Produto e Tecnologia da Pioneer Sementes
Fonte: DuPont Pioneer
Redação Reserva News

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