Alta expressiva nos preços do leite e seus derivados assusta o consumidor, veja motivos para a alta

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As famílias reservenses têm sentido os reflexos da alta do leite nos mercados, principalmente aqueles que têm renda mais baixa, em um patamar considerado histórico ao consumidor final e com alerta de mais alta, pois o pico de preços vai até agosto.

O litro de leite longa vida UHT já ultrapassa os R$ 5,80 em alguns supermercados de Reserva. A origem deste aumento não vem de agora. A indústria láctea, nesta metade de 2022, contabiliza perdas advindas ainda de 2021 e convive com redução mais acentuada de produção e de rebanho leiteiro desde 2015 – o que resulta numa perda de 196 milhões de litros por ano.

O leite longa vida integral, mais barato, não sai por menos de R$ 5,80 nos supermercados de Reserva. Segundo pesquisa feita pelo Portal Reserva News, levando em conta os preços praticados pelos principais estabelecimentos do município que comercializam o produto, o custo médio do litro de leite é de R$ 6,28 neste sábado (25/06).

O preço do leite e seus derivados subiu nos últimos meses devido ao aumento dos custos de produção, e essa alta já impacta o bolso do consumidor. No campo, o preço pago ao produtor subiu 9,8% em março deste ano em comparação ao mês anterior.

De acordo com os dados do Deral, o leite longa vida, que é vendido em caixinhas, e é o derivado lácteo de maior apelo popular, teve alta de aproximadamente 33% no comparativo entre maio de 2021 e maio de 2022.

Conversamos com um cliente em um estabelecimento que nos relatou, “estou fazendo um sacrifício para comprar um litro de leite e um iogurte para minha filha, mas para criança não tem como deixar de comprar”.

Em um outro supermercado, um cliente nos relatou que anteriormente comprava duas caixas por mês do produto, mas agora deve diminuir a compra. Considerando uma média de R$ 6,20 por litro, as duas caixas com 24 litros chegariam a R$ 148,80 no mês, cerca de 12% do salário mínimo nacional, que está em R$ 1.212,00. 

Além do leite, seus derivados também sofreram com o reajuste de preços provocados pela inflação.

De acordo com o IPC, entre os laticínios, os que tiveram as maiores altas no último ano foram:
Requeijão: 19,42%;
Iogurte natural ou com polpa de frutas: 16,31%;
Queijo prato: 19,34%;
Bebidas lácteas: 14,87%
Queijo muçarela: 16,05%.

Por que o leite e derivados estão mais caros?

O custo da produção foi encarecido por vários fatores externos e internos, como seca, aumento da demanda externa, alta no preço da energia elétrica e do petróleo, guerra na Ucrânia e aumento das commodities.

Mudanças climáticas

O fenômeno La Ninã provocou uma seca que atingiu a região Sul do Brasil e aumento de chuvas no Nordeste. Com isso, a qualidade dos grãos diminuiu, afetando a produção leiteira.

Com a seca provocada pelo La Ninã impactando o preço de grãos, como soja e milho, componente importante da ração dos animais, houve uma inflação das proteínas de modo generalizado. E aliado a isso, a demanda chinesa aumentando com a pandemia, a desvalorização no câmbio e, pelo fato do Brasil ser um país agro, isso acabou incentivando as exportações, gerando uma tendência de desabastecimento no mercado interno e aceleração dos preços.

O período de entressafra, que estamos entrando, deve acelerar ainda mais essa escalada de preços.

Invasão russa na Ucrânia

A guerra entre Rússia e Ucrânia também afetou os custos da produção do leite no Brasil devido à valorização das commodities. Como o Brasil é um país focado na agricultura, as exportações aumentaram, provocando escassez do produto no mercado interno.

A Rússia é maior produtora e fornecedora de trigo para o mercado internacional. Já a Ucrânia é o quarto maior fornecedor de milho. Com o conflito, esses países não puderam atender o mercado externo, o que fez aumentar a demanda global pelos grãos.

Além disso, o custo dos fertilizantes ficou mais caro no cenário de incertezas de abastecimento, já que a Rússia é a maior produtora mundial de fertilizantes, o que deixa o preço dos grãos ainda mais alto.

Energia elétrica

Desde setembro de 2021, as contas de energia elétrica estavam mais caras devido à escassez hídrica no país.

A bandeira tarifária, que estava vermelha, passou para verde, quando não há cobrança adicional no uso da luz, em abril deste ano.

A energia elétrica é essencial na produção leiteira e é usada desde a ordenha automatizada das vacas até o resfriamento do leite para evitar a proliferação de bactérias.

Aumento do petróleo

A alta no preço do barril impactou diretamente nos custos da produção do leite, já que as embalagens utilizadas nos produtos são derivados do petróleo. Além disso, o diesel e gasolina, usados no frete, também encarecem o preço ao consumidor final.

Preço do leite

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o consumidor consegue comprar menos da metade da quantidade de leite que comprava há 10 anos utilizando a mesma quantia em dinheiro.

Em 2012, com R$ 50, era possível comprar 20 litros de leite longa vida a R$ 2,45, em média. Atualmente, com o mesmo valor, só é possível levar 8 litros de leite a R$ 6,29.

Redação Reserva News

Matéria que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente por nossa equipe de jornalismo ou obtidos pelos acessos a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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