Uma iniciativa paranaense está chamando a atenção em todo o país por unir tecnologia e segurança feminina. A curitibana Sabrine Matos, de 29 anos, criou a Plinq, uma plataforma digital que permite às mulheres consultar antecedentes criminais e registros de processos judiciais de homens com quem pretendem se relacionar.
A ideia surgiu após Sabrine conhecer o caso da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada em fevereiro deste ano, no Mato Grosso do Sul, pelo ex-noivo. Vanessa desconhecia que o homem tinha ao menos 14 processos por violência doméstica.
“Fiquei com aquilo na cabeça. Pensei em quantas mulheres já viveram ou vivem algo parecido simplesmente por não terem acesso fácil à informação”, contou Sabrine.
Tecnologia a favor da segurança feminina
Lançada em maio de 2025, a Plinq já ultrapassou 15 mil usuárias em menos de dois meses. O serviço, que custa R$ 97 por ano, permite fazer buscas rápidas por nome, mostrando se há registros de processos criminais, mandados de prisão ou ocorrências judiciais.
A plataforma apresenta as informações de forma didática, com sinalizações coloridas:
Green flag (bandeira verde) indica ausência de registros públicos, mas orienta a manter atenção;
Red flag (bandeira vermelha) aponta possíveis riscos e sugere cautela antes de encontros presenciais.
Além de simplificar os resultados, o sistema explica os tipos de processos e o que cada um significa, ajudando usuárias a compreender os dados sem precisar de conhecimento jurídico.
A empresária Greisa Mesquita, uma das primeiras usuárias, afirma que passou a consultar nomes de homens conhecidos por aplicativos e até prestadores de serviço. “Uma vez fui olhar o nome de um motorista de carona e descobri processos por agressão. Cancelei na hora. Hoje não encontro ninguém sem verificar antes”, contou.
Informações públicas e sigilo garantido
A Plinq utiliza bancos de dados públicos, como tribunais e diários oficiais, o que garante conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As consultas são anônimas e o sistema não expõe nem as usuárias nem as pessoas pesquisadas.
O projeto foi desenvolvido por Sabrine em parceria com Felipe Bahia e Micael Marques, utilizando uma plataforma de inteligência artificial sueca que cria sites e aplicativos a partir de linguagem natural. O negócio, que começou de forma despretensiosa, já faturou mais de R$ 250 mil e pretende alcançar 3 milhões de usuárias até o fim do ano.
Informação como ferramenta de prevenção
Para a advogada Alessandra Abraão, especialista em direito das mulheres, a iniciativa representa um avanço na prevenção da violência de gênero.
“Municiar mulheres com informações é essencial. Quanto mais rápido uma mulher tem acesso a dados sobre quem se relaciona, mais chances tem de evitar o crime”, afirmou.
A especialista lembra que tramitam projetos semelhantes no Brasil, como o Cadastro Estadual de Condenados por Violência Doméstica, em análise na Assembleia Legislativa do Paraná, e o Cadastro Nacional de Casos de Violência Doméstica e Familiar, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (SESP), entre janeiro e agosto de 2025 foram registrados 158.839 casos de violência contra a mulher no estado, sendo 48.110 de violência doméstica.
Fonte – Com informações de G1.
























