A safra paranaense de grãos de verão terá um crescimento de 18% com relação ao ano passado e pode chegar a 23,3 milhões de toneladas. A conclusão da semeadura e o restabelecimento das condições de umidade do solo nas duas últimas semanas, com chuvas mais regulares, colaboram para uma safra de verão satisfatória, beneficiando especialmente as culturas da soja e do feijão.
A informação é do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Entre os destaques estão a estimativa da soja, com área de 5,48 milhões de hectares, e produção de aproximadamente 20 milhões de toneladas.
As lavouras têm boas condições, com crescimento adequado para esta fase do ano. Além disso, há perspectivas positivas também para a cultura do feijão, que pode resultar numa produção aproximadamente 21% maior que no ano passado. Neste período, o Paraná faz as primeiras colheitas, que se intensificam até o final de janeiro.
Já na primeira safra de milho confirma-se a estimativa de 3,1 milhões de toneladas. “A alteração no calendário de plantio da soja pode impactar na área de milho safrinha. Mesmo assim, a produção pode superar 12 milhões de toneladas”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.
Para secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, de maneira geral, a safra de grãos no Paraná vive um quadro mais otimista do que nos meses anteriores. “Em setembro e outubro, a ausência de umidade prejudicou um pouco o ritmo de plantio. Agora, temos um cenário positivo. Em algumas regiões nota-se nitidamente que as lavouras estão com mais vigor, o que pode ser um prenúncio de safra cheia para o Paraná”, diz Ortigara. Também não há registro de doenças, embora tenham sido identificados esporos da ferrugem-asiática da soja, exigindo que os produtores redobrem a atenção em suas propriedades.
SOJA – Segundo o Deral, registrou-se uma leve redução de 0,4% na estimativa inicial de produção, que ainda pode sofrer alterações, e manutenção de área de plantio. Mas a tendência, com boas condições climáticas, é de uma grande safra de soja para o período 2019/2020. “A seca dos meses de setembro e outubro impactou na cultura de verão, no entanto a melhora do clima, desde o final de outubro, tem colaborado para sua recuperação”, explica o economista Marcelo Garrido.
A expectativa de produção é de 19,7 milhões de toneladas, 22% maior do que na safra anterior, quando foram produzidas 16,1 milhões de toneladas, e a área está estimada em 5,4 milhões de hectares.
Com relação aos preços, a saca de 60 kg de soja é comercializada por R$ 78,00, um aumento de 13% comparativamente ao ano passado. Na comparação com o mesmo período do de 2018, a comercialização está mais avançada. Agora, o índice é de 26%, contra 20% em 2018. De maneira geral, as estimativas devem garantir o Paraná como segundo principal produtor brasileiro do grão. No mercado externo, o impasse comercial entre a China e os Estados Unidos segue como fator decisivo para as exportações.
FEIJÃO PRIMEIRA SAFRA – Estima-se para a safra das águas uma área de 150,8 mil hectares, 7% menor do que na safra anterior, quando foram plantados 162,3 mil hectares.
Segundo o engenheiro agrônomo responsável pela cultura, Carlos Alberto Salvador, a redução se deve à escolha dos produtores pela soja e pelo milho. Estima-se a produção de 299 mil toneladas, um aumento de 0,4% com relação à estimativa inicial, e um crescimento de 21% na comparação com a safra anterior, que teve um volume de produção de 247,1 mil toneladas.
Até agora, 8% da área de feijão está colhida – o equivalente a 13 mil hectares, índice considerado normal para este período do ano. A colheita no Paraná deve intensificar-se entre os meses de janeiro e fevereiro. “Com as chuvas, há um receio de perdas por parte dos produtores, mas os rendimentos estão dentro da média”, diz Salvador. Segundo ele, 88% das lavouras estão em boas condições, e não há registros de doenças nem pragas. Quanto aos preços, o feijão-cores é comercializado por R$ 235,00, e o preto por R$ 127,00.
FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – A segunda safra de feijão começa a ser plantada em janeiro e segue até o final de fevereiro. Esta primeira estimativa mostra redução de 6% na área, de 247,9 mil hectares para 232,8 mil hectares. A produção deve ser 27% maior do que na safra passada, atingindo 455 mil toneladas. Os índices ainda podem sofrer alterações conforme a decisão dos produtores, pois a prorrogação do calendário estabelecida pela portaria nº 342/2019 da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) favorece o plantio de soja na segunda safra.
MILHO PRIMEIRA SAFRA – A primeira safra de milho soma 337 mil hectares plantados no Estado, uma redução de 6% na comparação com a safra anterior. A previsão é de que sejam produzidas 3,1 milhões de toneladas, volume semelhante ao do ano passado. Em dezembro começou o ciclo final do milho, com as fases de frutificação e maturação, e a colheita deve acontecer com mais intensidade em janeiro de 2020. “Os preços estão bons tanto no mercado doméstico quanto no internacional, com a saca de 60 kg de milho sendo comercializada por R$ 37,00, num período em que o custo de produção está abaixo de R$ 30,00”, afirma o técnico do Deral responsável pela cultura, Edmar Gervásio. Se os valores se confirmarem, há tendência de que este seja o maior preço registrado em 2019.
No cenário nacional, as exportações avançaram significativamente e devem ficar acima de 40 milhões de toneladas em 2019. O Paraná contribui com mais de 10% do total, beneficiando toda a cadeia envolvida nesse cenário.
MILHO SEGUNDA SAFRA – Em janeiro começa o plantio da segunda safra de milho 19/20. As estimativas indicam uma área de 2,1 milhões de hectares, 5% menor do que na safra anterior. Essa redução foi registrada especialmente no Oeste do Paraná, nas regiões de Cascavel e Toledo. As estimativas podem sofrer alterações após o início do plantio. “Mantendo-se esse volume de área a ser plantada, espera-se uma produção próxima a 12 milhões de toneladas, uma queda de 9% com relação à safra anterior”, acrescenta Gervásio.
CEVADA – Cerca de 80% da produção de cevada do Paraná foi comercializada, e o valor da saca de 60 kg está em R$ 58,00. As lavouras registram boas condições, com apenas 2 a 4% de refugo, explica o engenheiro agrônomo do Deral, Rogério Nogueira. O relatório mostra um aumento de área de 8% nesta safra, de 55,7 mil hectares para 60,4 mil hectares, e 11% de aumento da produção, de 219,7 mil toneladas para 243,1 mil toneladas. No entanto, a estimativa atual é 11% menor do que o indicado no levantamento inicial da lavoura, um resultado decorrente da falta de chuvas em agosto, setembro e outubro.
MANDIOCA – Foram colhidas 3,1 milhões de toneladas na safra 18/19, uma redução de 10% comparativamente à safra 17/18, ocasionada principalmente pela redução de 8% na área, de 147,7 mil para 136,4 mil hectares.
Setembro registrou o menor preço do ano, R$ 304,00, mas a recomposição dos estoques de final de ano e a aproximação da entressafra colaboraram para uma reação positiva no preço, que hoje está em R$ 410,00 a tonelada, já cobrindo os custos totais de produção.
A produção da safra 18/19 está 100% colhida, totalizando 111 mil toneladas, 10% a menos do que na safra 17/18. Quanto à safra 19/20, está previsto aumento de área de 2%, de 136,4 mil hectares para 139 mil hectares. Estima-se a produção de 3,3 milhões de toneladas de mandioca, 6% a mais do que no ano passado. “Apesar dos problemas climáticos, como a falta de chuvas, as lavouras se recuperaram e o Paraná deve ter uma boa safra”, diz economista do Deral, Methodio Groxko.