Dia do Irmão: como conviver, aprender e lidar com conflitos entre irmãos

245 0

Celebrado em 5 de setembro, o “Dia do Irmão” tem origem associada à memória de Madre Teresa de Calcutá, cuja morte em 1997 passou a ser lembrada como um dia de homenagem e reflexão sobre vínculos de fraternidade. Mas, além das homenagens e posts dedicados aos irmãos que costumam inundar as redes na data, qual é o simbolismo desse laço sanguíneo e afetivo?

Essa dinâmica é complexa: mistura afeto, competição, cumplicidade e disputa por atenção — dinâmicas que mudam ao longo do desenvolvimento e podem influenciar o comportamento social e emocional desde a infância até a vida adulta. Segundo educadores é importante que famílias e profissionais entendam quando a competição é saudável e quando sinaliza demanda por intervenção dos adultos.

A relação entre irmãos

Ter irmãos significa aprender, desde cedo, a conviver com diferenças: dividir espaços e brinquedos, negociar regras de brincadeira e lidar com pequenas frustrações do dia a dia. Na prática pedagógica, isso se traduz em ganhos importantes para o desenvolvimento socioemocional, já que crianças que crescem com irmãos têm mais oportunidades de assumir papéis, resolver conflitos e exercitar a empatia. Esses aprendizados acontecem tanto nos momentos de afeto quanto nas disputas rotineiras.

“Muitas vezes o irmão é o primeiro indivíduo com quem a criança testa limites e aprende a considerar o ponto de vista do outro”, explica Beatriz Martins, coordenadora pedagógica do Brazilian International School – BIS (São Paulo/SP). Ela acrescenta que, no caso de irmãos gêmeos, é fundamental que a escola também reflita sobre como favorecer a identidade individual de cada um. “Há situações em que sugerimos que gêmeos estudem em turmas diferentes. Essa experiência ajuda cada criança a desenvolver sua autonomia, especialmente quando percebemos que um deles tende a ser mais passivo diante do outro.”

Além disso, a convivência fraterna favorece habilidades comunicativas e estratégias de cooperação que se transferem para a sala de aula. Professores costumam observar que crianças habituadas a negociar entre si apresentam maior facilidade em trabalhos em grupo. Mas, como ressalta Beatriz, os benefícios não são automáticos: “O contexto familiar, com suas regras, modelos parentais e oportunidades de reparação após os conflitos, é o que determina se a relação entre irmãos será fonte de aprendizagem ou de tensão persistente”.

Brigas: até quando a competição é comum e saudável?

Conflitos entre irmãos são parte do repertório normal do desenvolvimento e, muitas vezes, funcionam como um laboratório para aprender sobre limites e autonomia. “A disputa pode estimular a criança a se esforçar, a negociar e a testar capacidades, representando um espaço seguro para treinar emoções”, afirma Jacqueline de Freitas Cappellano, coordenadora pedagógica da Escola Internacional de Alphaville (Barueri/SP). Essa competição se mostra saudável quando permite que os irmãos experimentem vencer e perder, contornar impasses e reconstruir vínculos após o atrito.

O alerta vem quando as brigas se repetem em padrões agressivos ou quando um dos irmãos passa a sofrer constrangimento ou isolamento. Nesses casos, a frequência, a intensidade e o tipo de agressão (se física ou verbal) são sinais de que a família precisa intervir de forma estruturada. Jacqueline orienta: “observe se há escalada para violência, se há recuo emocional de uma das crianças ou se o conflito serve para mascarar outras questões, como excesso de tensão em casa, ciúmes persistentes ou mudanças na rotina”.

Nessas situações, é essencial que os adultos ajustem limites, promovam momentos de diálogo e cooperação, fortaleçam rotinas seguras e, quando necessário, busquem apoio de profissionais especializados. Afinal, os conflitos entre irmãos podem ser oportunidades de crescimento — desde que acompanhados e mediados com sensibilidade.

Como tratar os filhos com equilíbrio: dicas práticas para pais

Tratar os filhos com equidade não significa tratá-los exatamente igual — significa oferecer atenção e cuidados de acordo com suas necessidades, sem criar comparações de valor entre eles. Pequenas ações ajudam nessa construção: dedicar um tempo individual com cada filho, explicar razões por trás de decisões (por exemplo, por que um pode sair mais tarde por estar em idade diferente) e evitar comparações diretas que possam gerar competições desnecessárias. “Transparência e consistência são chaves: quando a criança entende o porquê das escolhas, a sensação de desigualdade diminui”, explica Renata Alonso, coordenadora pedagógica da Escola Bilíngue Aubrick (São Paulo/SP).

Na rotina prática, ferramentas simples fazem a diferença: estabelecer regras claras que valham para todos, criar rituais de atenção individual (um café da manhã, uma leitura por semana) e usar linguagem que separa comportamento de identidade, como por exemplo, comentar sobre uma ação específica em vez de rotular a criança. Renata também recomenda momentos de conversa em família para definir combinados e permitir que os filhos expressem incômodos — isso reforça a mensagem de que cada voz tem espaço, atenuando uma possível sensação de favoritismo.

E o filho único?

Ser filho único traz características próprias: maior disponibilidade de atenção e recursos parentais, o que pode favorecer autonomia e investimento em atividades individuais; ao mesmo tempo, a criança pode ter menos oportunidades cotidianas de negociar conflitos fraternos e aprender a dividir no contexto mais íntimo do lar. “É comum que se rotule o filho único como uma criança mimada, mas essa é uma ideia errônea. A criança pode ter um desenvolvimento perfeitamente normal, tudo depende de como os pais ensinam limites, frustrações e responsabilidades”, afirma Luciane Moura, diretora do colégio Progresso Bilíngue (Vinhedo/SP).

Para equilibrar as vantagens e minimizar lacunas, Luciane sugere ampliar a rede social da criança: incentivar convívios com primos, amigos, clubes e oficinas; promover atividades em grupo e ensinar explicitamente habilidades como espera, troca e negociação. “Introduzir responsabilidades adequadas à idade e oferecer situações controladas de frustração ajudam a preparar o filho único para contextos sociais mais amplos”. A diretora do colégio Progresso Bilíngue lembra ainda que a qualidade das relações — mais do que o número de irmãos — é o fator que mais influencia o desenvolvimento socioemocional.

Quando a decisão de não ter outro filho é tomada pelo casal — seja por escolha consciente, seja por limitações de saúde, financeiras ou profissionais — é importante explicá-la ao filho com clareza, sensibilidade e respeito à sua faixa etária, sem transferir culpa ou insegurança.

“É preciso explicar que se trata de uma decisão da família, que o casal decidiu construir ou manter o núcleo familiar daquela forma, por tais motivos, e que a criança não tem nada a ver com você a decisão”. A especialista do Progresso Bilíngue também recomenda convidar a criança a fazer perguntas e dizer como ela se sente. “Validar emoções como a tristeza, curiosidade e ciúmes é tão necessário quanto oferecer informações. Mantenha o diálogo aberto ao longo do tempo, pois os sentimentos mudam com a idade. Posteriormente, revisitar a conversa mostra que a família respeita e acompanha as necessidades emocionais da criança”, finaliza Luciane.

Fonte – Assessoria de Comunicação.

Redação Reserva News

Matéria que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente por nossa equipe de jornalismo ou obtidos pelos acessos a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário para a noticia

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *