A evasão escolar permanece como um dos maiores entraves da educação no Brasil, comprometendo o desenvolvimento social e econômico do país. Milhões de crianças e adolescentes ainda abandonam a escola antes de concluir a educação básica, situação que limita as oportunidades no mercado de trabalho e reforça desigualdades já enraizadas.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o abandono é mais frequente no ensino médio. Entre os motivos estão a necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família, a falta de interesse nos conteúdos, dificuldades de aprendizagem, gravidez na adolescência, violência e a precariedade da infraestrutura escolar. Esses fatores estão diretamente ligados ao ciclo de pobreza, que se perpetua de geração em geração.
Outro ponto que preocupa é a desigualdade no acesso ao ensino superior. Embora programas de cotas e bolsas tenham ampliado as oportunidades nos últimos anos, ainda existe um grande abismo entre estudantes de diferentes classes sociais. Jovens de famílias de maior renda, em sua maioria oriundos de escolas privadas, têm mais chances de ingressar em cursos de prestígio. Já os alunos da rede pública enfrentam dificuldades como a baixa qualidade do ensino, menor preparo para vestibulares e falta de condições financeiras para se manter na universidade.
Além desses desafios, especialistas chamam atenção para a falta de incentivo familiar como um dos fatores que contribuem para a evasão e para a desmotivação dos jovens em seguir estudando. Em muitas regiões, a realidade financeira e a falta de perspectiva levam as famílias a não encorajarem seus filhos a permanecerem na escola ou a buscarem qualificação. Em alguns casos, o estudo é visto como algo secundário diante da necessidade de ajudar nas despesas de casa. Esse desestímulo, seja por falta de informação, dificuldade econômica ou pela percepção de que a educação não gera retorno imediato, acaba reforçando a exclusão escolar.
Para especialistas, enfrentar o problema exige estratégias integradas, que envolvam não apenas o poder público, mas também a escola, a comunidade e as famílias. A valorização da educação precisa ser estimulada desde cedo, com políticas que garantam apoio financeiro, programas de permanência escolar, ampliação de escolas em tempo integral e ações que aproximem os pais da vida acadêmica dos filhos.
A evasão escolar, somada à desigualdade no ensino superior e ao desincentivo familiar, coloca em risco o futuro de milhões de jovens brasileiros. Sem educação de qualidade e acessível para todos, o país perde talentos e oportunidades de crescimento, comprometendo sua capacidade de avançar em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.