A interpretação equivocada sobre a declaração dada em entrevista coletiva pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a respeito do tradicional consumo de tereré e chimarrão já está afetando a comercialização de erva mate.
De acordo com Sindicato dos Produtores de Erva Mate, uma matéria publicada pelo site de um grande jornal de circulação diária no Estado dá margens a interpretações erradas.
A matéria, conforme foi publicada, sugere que o ministro teria pedido que as pessoas deixem de consumir tereré e chimarrão, enquanto na verdade Luiz Henrique Mandetta apenas recomenda que elas evitem o compartilhamento das bombas e das cuias. Na referida matérias, o jornalista transcreve que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendou que os brasileiros evitem bebidas tradicionais como tereré e chimarrão.
“No caso de estados como Mato Grosso do Sul, de onde venho, e do Rio Grande do Sul, recomendamos que as pessoas evitem bebidas que são compartilhadas de boca em boca, como o tereré e o chimarrão”, traz o texto publicado pelo site, porém, a transcrição correta da declaração do ministro é essa:
“No caso do meu Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul, que têm hábito de compartilhamento cultural, como é o caso do chimarrão e do tereré, que passam de boca em boca, quando normalmente é feito uma roda de pessoas, aquilo, com certeza, a gente pede que as pessoas evitem porque sabe que aquilo, em um momento de transmissão de vírus, que é vírus salivar, não é vírus aerossol, é um instrumento de compartilhamento e passagem de substâncias orais entre si.”
Segundo o presidente do Sindimate/MS, Gustavo Uhde, o risco de pegar o coronavírus não está no consumo de tereré ou chimarrão, mas no compartilhamento da bomba e da cuia. “O ministro da Saúde deixou bem claro que o compartilhamento de qualquer bebida é arriscado e não só de tereré e chimarrão, cujo o risco está apenas no caso de mais de uma pessoa usar a mesma bomba e cuia. Na verdade, a pessoa tem de evitar o compartilhamento da bomba e da cuia assim como tem de evitar usar o mesmo copo descartável utilizado por outra. Ou, até mesmo, tomar na boca da garrafas ou de latinhas de bebidas utilizada por outras pessoas”, comparou.
Ele revela que, depois que leram a matéria no site do jornal, revendedores de erva mate estão ligando preocupados com as vendas, pois há clientes informando que não vão mais comprar o produto por medo de pegar o novo coronavírus. “Muitas pessoas estão pesando que o novo coronavírus está na erva mate e, se não ficar bem claro que o risco está no compartilhamento da bomba e da cuia, vamos ter prejuízos sérios com as nossas vendas”, alertou, completando que muitas pessoas não têm conhecimento sobre como é transmitido esse vírus e ficaram assustadas com a matéria publicada pelo site.
O presidente do sindicato reforça que o tereré e o chimarrão consumidos sem compartilhamento de bomba e cuia não oferecem risco nenhum às pessoas, assim como acontece com o consumo de café e demais bebidas em um copo de descartável, ou seja, que não foi reutilizado ou compartilhado.
“Só de o ministro falar compartilhamento, todo mundo já sabe o que é compartilhar o tereré e o chimarrão, ou seja, é eu pegar e dar para outras pessoas tomarem e continuar servindo. Ele não fala ‘pare de tomar tereré e chimarrão, evite de tomar o tereré e o chimarrão’, o ministro não falou isso”, ressaltou Paulo Benites.