A cidade de Guaíra, no oeste do Paraná, registrou um novo conflito entre agricultores e indígenas nesta quinta-feira (17). O caso aconteceu quando agricultores em um caminhão, quatro tratores e caminhonetes entraram na área onde vive a comunidade Yvyju Avary, da etnia do povo Avá-Guarani.
Informações divulgadas pelo Conselho Indigenista Missionário, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apontam que os moradores do território foram vítimas de disparos de arma de fogo. Os agricultores teriam ainda pulverizado agrotóxicos sobre a localidade.
Uma caminhonete teria atropelado um indígena, que foi encaminhado para o hospital da cidade de Guaíra. Outro indígena teria ficado ferido na cabeça após ser agredido a pauladas por um homem que seria proprietário do terreno onde a comunidade vive. Um cachorro que vivia na área teria sido morto.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram o momento do confronto. A comissão que representa os indígenas informou que a área em questão está em processo de conciliação e que um dos fazendeiros teria aceitado realizar a venda do território para a regularização. No entanto, outro fazendeiro estaria se negando.
O presidente interino da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) do Paraná, Ágide Eduardo Meneguette, criticou a quantidade de ações do governo federal para o combate aos confrontos. Ele informou que os agricultores foram as vítimas dos indígenas.
A prefeitura de Guaíra informou que o ataque, na realidade, teria sido direcionado dos indígenas contra os agricultores que entravam na área, que seria uma propriedade rural privada, para plantar. Os funcionários teriam sido agredidos.
As informações apontam que o veículo que transportava os operários teria sido apedrejado e atingido por garrafas. Três trabalhadores teriam ficado feridos. Um deles apresentou, segundo a prefeitura, lesões graves, e precisou ser encaminhado para a cidade de Cascavel para a realização de uma cirurgia.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse que um dos indígenas feridos já foi ouvido pela Polícia Federal. Por meio de nota, a pasta apontou que agentes de segurança atuaram no controle do conflito e que eles seguem no local para controlar a escalada da violência.
A região é alvo de confrontos frequentes entre indígenas e agricultores que disputam o território. Integrantes da Força Nacional atuam na tentativa de mediação de conflitos. O Ministério da Justiça afirmou que a região conta com patrulhas ostensivas com o apoio de agentes de segurança do estado do Paraná.
A nota indica que o conflito foi controlado e as forças federais permanecem na região. Os indígenas têm o reconhecimento da área pela Funai, mas o processo de demarcação está travado na Justiça. O povo Avá-Guarani reivindica o território que teriam perdido durante a construção da usina de Itaipu.
Fonte – CBN