Ministério Público atento ao golpe da pesquisa e os ganhadores do “Certificado de Bobo”

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Empresários, profissionais liberais, entidades de classe, autoridades e políticos vêm sendo lesados pelo golpe da “pesquisa”. A armação tem lesado diversos deles, especialmente nos municípios do interior do Estado.

O esquema é muito simples: um sujeito aborda a vítima potencial, afinal, hoje localizar informações de uma empresa na internet e obter por exemplo um contato telefônico é muito fácil,  informando que em recente “pesquisa” realizada no município, o nome da pessoa ou da sua empresa foi classificada em primeiro lugar pela população, como destaque na sua área de atuação. Em seguida, informa que isso será divulgado na mídia e que haverá a entrega de troféus ou diplomas aos “vencedores”, as vezes sendo oferecido até um um jantar festivo. Porém, para receber seu “prêmio”, a vítima, ou melhor, o “agraciado” deve efetuar um pagamento.

Caso não concorde, uma outra pessoa ou empresa é que acabará sendo “premiada” em seu lugar. Ou seja, quem pagar leva o Certificado de Empresa, Dirigente, Empresário, Político ou outra atividade  do Ano.

O material que os golpistas apresentam às vítimas não resiste a um rápido exame técnico. Comprovam apenas que a alegada “pesquisa” na verdade nunca existiu. Ou, se é que houve algum tipo de consulta popular, os métodos utilizados são tão precários e inconsistentes que jamais poderiam ser classificados como pesquisa de opinião.

Pesquisa é uma atividade que exige conhecimentos profundos e domínio específico de metodologias, onde o rigor de procedimentos técnicos é fundamental para a credibilidade dos dados colhidos. E nada disso existe nesse tipo de vigarice.

Além de configurar o estelionato, por induzir as pessoas em erro ao acreditarem que foram escolhidas por uma pesquisa fantasiosa, esse golpe também caracteriza a propaganda enganosa, prática igualmente ilegal. O problema da propaganda enganosa é que, além da passível condenação dos autores diretos, ou seja, dos vigaristas, também alcança as pessoas ou empresas “premiadas”, na condição de patrocinadoras de fatos inverídicos, bem como os veículos de comunicação, por divulgarem esses anúncios que disseminam publicamente afirmações sem base de verdade.

Chamam a atenção os documentos mostrados por essas empresas, todos muito semelhantes, quase idênticos em conteúdo e forma. Seus representantes têm percorrido diversos municípios em busca de empresários, repetindo o mesmo golpe em todos os lugares.

O Portal Reserva News, recebeu o contato de um empresário do município, que nos relatou o golpe, “recebi a ligação e atendi, o prefixo era 41, pensei ser um fornecedor que temos em Curitiba e atendi, quando a moça relatou que nossa empresa tinha sido escolhida pela população de Reserva, como a melhor do ano no segmento, claro, estranhei, pois a minha empresa tem pouco mais de 4 meses de atividade, mas dei confiança para ver até onde ia a conversa”, o empresário nos relatou que ficou de pensar na proposta, já que pelo fato de ser a empresa escolhida, teria que “arcar” com o valor de R$ 250,00 (Duzentos e cinquenta reais) que seriam para a confecção do certificado, e continuou, “No dia seguinte, a moça retornou, mas desta vez através de mensagem em meu WhatsApp, e pressionou, que eu teria que decidir naquele dia, pois estava indo para a gráfica fazer as impressões, e se eu não quisesse, iria procurar outra empresa, dizendo que estaria em Reserva dois dias depois e teria de definir tudo”. 

O Ministério Público já recebeu a denúncia sobre esses fatos e instaurou um inquérito civil para apurar a extensão do delito e o enquadramento dos responsáveis. Porém, além da necessária responsabilização, torna-se urgente um processo de prevenção contra a repetição do golpe da “pesquisa”. Empresários, entidades de classe e veículos de comunicação podem e devem estancar esse mal. Diante de qualquer suspeita, recomenda-se encaminhar denúncia ao Ministério Público.

Essa é uma vigarice que, além dos prejuízos causados às vítimas, compromete a credibilidade das empresas de pesquisas sérias perante a opinião pública, bem como afeta a imagem de agências de propaganda e publicitários honestos, conscientes de suas responsabilidades, e que não se prestam a esse tipo de exercício ilegal da profissão.

É natural que a informação de uma distinção pública represente alegria e entusiasmo para qualquer pessoa. Afinal, somos humanos e faz bem ao coração qualquer tipo de reconhecimento. É como uma espécie de massagem no ego, que certamente anima e estimula. Mas, que seja verdadeira e fruto de uma investigação honesta.

Do contrário, ao invés de ser agraciado com um prêmio justo, o indivíduo pode estar recebendo um mero “Certificado de bobo”.

Redação Reserva News

Matéria que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente por nossa equipe de jornalismo ou obtidos pelos acessos a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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